O espírito do "que caminha pelas matas", em nós habita. Que haja fôlego e disposição.

domingo, 5 de junho de 2011

Acampamento Inhumas - Ribeirão Claro (PR) 13 à 18 de dezembro de 2010

No mês de dezembro do ano passado, eu e Thiago, partimos à nossa mais longa jornada. Ficamos cinco dias acampados nas águas de Inhumas, famoso local margeado pelo rio Paranapamena, e próximo à Cachoeira Véu da Noiva, em Ribeirão Claro, município do norte do estado do Paraná.
Partimos no dia 13/12, aniversário da cidade de Ourinhos. Segunda feira, feriado. Desta vez, pedimos para que um casal de amigos, que tem um veículo, para que nos levassem até o ponto de acampamento. Havia uma grande quantidade de provisões e utensílios para a estada. Afinal de contas, seriam cinco dias que eu e Thiago passaríamos que em total isolamento. Por um descuido com o horário, acabamos chegando atrasados. Nossa instalagem de primeira noite, fora feita às pressas e no improviso, mesmo tendo um tanto de horas para podermos explorar o local.
Fizemos nossas redes com cordas e telas de proteção de horta. Nossa intenção inicial, éramos abrir as telas em um braço de rio, tentaríamos pegfar peixes durante a noite, mas no entanto, o acesso a margem do riacho fora muito dificultosa. Preferimos então, utilizar a tela para nosso abrigo. Também fizemos uma prateleira  de babum, suspensa com cordas para colocarmos nossas provisões. Fizemos também uma fogueira, que usamos para além de cozinhar, espantar os mosquitos que por ali estavam, e se alimentavam de nosso sangue.

 Prateleira suspensa
 Rede improvisada
 Thiago preparando o alimento
 Crepúsculo
Deep Purple

Já nas primeiras horas do dia, eu e Thiago partimos para a nossa real aventura. O local escolhido é um riacho que tem 40km de extensão, ele tanto encontra, como desagua no rio Paranapanema. Percorreríamos cerca de 1km adentro deles. Riacho repleto de rochas, e profundidade de 2 metros nos locais mais profundos. 
Demoramos cerca de duas horas para completarmos o trajeto. Ainda não sabíamos onde seria o local mais propício para que pudéssemos montar nosso acampamento, e sendo assim, andamos pouco mais do que havíamos planejado. Durante o percurso, tivemos contatos com uma variedade enorme de animais e plantas, devida à grande conservação do ambiente. Há ali, uma grande quantidade de espécies animais e vegetais - e todos estão em plena preservação (pelo menos nos primeiros 3km).
O acesso do riacho, deu-se inicialmente por uma trilha que logo findara. Depois disso, passamos à andar por cima das pedras do riacho. O curso sinuoso, e a dificuldade de locomoção, fizeram com que tivéssemos problemas quanto ao rendimento da marcha. Por infortúnio, diante de uma pequena trilha nas margens do riacho, cerca de 2m do chão, eu fora surpreendido por um enxame de abelhas que me atacaram. Levei cerca de quatro picadas na região dos olhos, e por sorte, não caí nas pedras do riacho. A queda certamente seria fatal.

 Localização do Riacho no Google Earth
 O riacho
 Caminhos rochosos
 Bicho-Pau
 Aranha d'água
 
O ataque das abelhas

Depois de uma caminhada demorada, encontramos o que nos pareceu ser o melhor local para acamparmos. Ali naquele ambiente realemente não há muita opção para que se possa fazer um. Estávamos numa época chuvosa, de grandes tempestades relâmpago, e isso, poderia ser prejudicial, pois assim o riacho iria inundar com uma tromba d'água fatal. Porém, não havia o que pudesse ser feito. Tentamos fazer abrigos suspensos nas árvores, mas no entanto, todas as nossas tentativas foram falhas. Só nos restava então, armarmos uma espécie de plaforma com árvores, pois só assim, conseguiríamos nos manter o mais alto possível do nível da água do riacho. Passamos então, à construir a plataforma, e não demoramos mais do que 3 horas para concluí-la. Durante a construção acendia fogueira e fiz nosso almoço. 
Para constuir a plataforma, usamos madeiramento que a própria natureza os proporcionou. Fixamos a estrutura no chão arenoso, através de buracos, e para afirmar a esturutura usamos as cordas. Para deixarmos a plataforma mais fofa e confortável, usamos folhagens das plantas e àrvores que estavam ao nosso redor. Para prendermos as folhagens, cobrimo-la com as telas de horta que trazíamos conosco.
Só no meio da tarde, que pudemos desfrutar de um passeio para explorarmos mais o ambiente. Com o calor em excesso, não nos preocupamos com o frio, e sendo assim, estava decidido que dormiríamos sob a plataforma no relento.

 Queda d'água próxima ao nosso acampamento
 Plataforma
Visão frontal da plataforma.

Nossa primeira noite no local, foi alegre. Nossas energias não haviam se esgotado por inteiro. Passamos umas boas horas até a madrugada ouvindo o som da queda d'água, e observando o hábito dos animais noturnos. Havia uma quantidade muito grande de morcegos que sobrevoavam nossas cabeças na calada da noite. Com a luz do luar e da fogueira, pudemos relaxar depois de um dia estafante de trabalho. Sentía-mos nos realizados, e para celebrar tomamos cachaça para trazer o sono mais depressa. Nos próximos dias, enfrentaríamos nossos maiores obstáculos: solidão e o tédio.
 A noite se aproximando
 O Sol já não brilha mais
 A lua
O fogo

Nosso terceiro dia na mata começou animado. Eu e Thiago saímos para fazer uma varredura nos arredores, queríamos encontrar novos animais e plantas, além de percorrer o máximo do ambiente possível. Passamos a manhã inteira neste empenho, e nossas descobertas foram fantásticas. Primeiro, ficamos observando um grupo de gaivotas que tinham os seus ninhos próximos do nosso acampamento. Depois, quando saimos para dar uma volta, ficamos perplexos com as formações rochosas do ambiente. 
Algumas rochas foram milimetricamente esculpidas pela água durante milhares de anos - além de que, algumas formações lembraram-nos de lava escaldante, que ao encontrar-se com a água, petrifica-se. Dentro de nosso leigo conhecimento no assunto, pudemos estudar e formular várias teorias sobre a formação do ambiente. 
Descobrimos também uma fruta, na qual não conseguimos identificar. Foi uma pena não termos tirado uma foto do fruto para que pudéssemos descobrir sua identificação. O que pode ser relatado é que ele tem coloração avermelhada, lebrando um caqui em miniatura. Outra fruta que encontramos, ao que imaginamos, deve ser uma variação da fruta blueberry, pois era muito semelhante à mesma.  Outra curiosidade, foi ver em diferentes aspectos, o futo de uma variação de cacto. Visualmente muito saboroso, mas no entanto, não arriscamos experimentar o fruto.
Caminhando
Formação rochosa
Preste atenção no corte da rocha
Não parece lava petrificada?
Descanso
Cacto
Fruto

Durante os dois últimos dias, estávamos bastante abatidos. Ao passo que alguém pode imaginar que tarefas simples como: colher lenha, coletar água e filtrá-la, lavar panelas e pratos, cozinhar, lavar roupa, e cuidar do abrigo; seja fácil, mas quando tais tarefas executadas diariamente sob condições adversas, pode se tornar um transtorno. É um grande meio para perdermos a estabilidade psicológica.
Além disso, a saudade dos familiares, e de alguns confortos propiciados pela vida urbana, povoaram nossos pensamentos. No entanto, havíamos estipulado uma meta de 5 dias de aventura, e de maneira alguma, deveríamos quebrar essa condição. Fora um grande percalço estes dias que estivemos dentro daquela mata. Ao voltar para civilização, coisas  que para os outros são de uma grande simplicidade, para nós passou a ter um valor mais significativo. Desde um afago de um ente querido, como água quente no banho, hoje certamente tem uma grande importância em nossas vidas.
Caminhos perigosos
Flores
Flores
Flor
Uma última olhada na plataforma
Abelha
Riacho

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Técnica de Acampamento: Abrigo

Primeiramente, o abrigo, numa situação de sobrevivência, tem por função proteger o indivíduo de perigos do ambiente. O abrigo também, se bem construído, será fonte de conforto e bem estar psicológico.
Tornar o abrigo sofisticado, dependerá exclusivamente de fatores como, a quantidade de instrumentos e ferramentas disponíveis para a construção, além de disposição física para o feito. Por mais que suas previsões sejam de um longo período, é necessário ater-se a idéia de se construir um abrigo simples, porém eficaz, justamente por talvez encontrar-se numa situação sem alguns utensílios, como também evitar o cansaso extremo.




Escolha do local

A escolha do local para montar a campanha, é fundamental. Escolha sempre locais secos - evite terrenos pantanosos, ou úmidos (terá menos problemas com mosquitos). É importante sempre limparmos o local, antes de começar a construção do abrigo. Geralmente, os animais rastejantes, dificilmente se aventurarão à passar por locais onde não há folhagens caídas no chão (é certo que em muitos casos, essa folhagem é fundamental para que o animal possa se camuflar na mata. Proteja-se do vento. E nunca escolha leitos secos de riachos, pois, se por ventura uma tempestade cair à quilômetros de distância, suas águas podem fazer com que esse riacho inunde em instantes.




Tipos de Abrigos

O tipo do abrigo que será construído, será determinado pela quantidade de materiais, ferramentas, e tempo disponíveis para a construção.

Abrigo de páraquedas: Usa-se o páraquedas (ou qualquer outro material disponível - lona, etc.) sobre uma corda ou cipó esticado e amarrado entre duas árvores.
Abrigo em "A": Construído com troncos finos de árvores, tendo a forma de uma estrutura em "A", e com espessa camada de folhas de palmeiras, ou outras folhas pesadas, cobrindo-a.
Abrigo Alpendre: O abrigo estilo Alpendre, só deve ser construído, quando se tem a plena noção de se poder conceber uma fogueira, de maneira que o calor seja distribuído por todo o abrigo. Considerar os ventos numa situação dessa é muito importante. Para uma melhor eficácia do abrigo, deve-se construir uma parede refletora paras as chamas da fogueira, essa parede pode ser feita com pedras, ou com tocos de madeira.
Abrigo Teepee: Semelhante à uma tenda dos índios norte americanos, este abrigo é excelente  para ambientes úmidos. É necessária a obtenção de um bom número de varas de 4 metros de comprimento, para construí-la.
Abrigo de salgueiros: Este abrigo é concebido através da união de salgueiros devidademente limpos de galhos e folhas. A técnica consiste em unir os salgueiros arraigados, amarrando-os com uma corda, formando uma estrutura. Pode ser coberto com uma lona (se disponível), ou mesmo, folhas grandes de árvores, além de relva, ou casca de árvore.





Camas

Nunca durma no diretamente no chão. Quando terminar o abrigo, faça uma cama confortável. Você pode fazê-la juntando o maior número de folhas, fazendo com que não tenha contato algum com o solo úmido. O solo úmido em contato direto com o corpo, faz com que o mesmo perca calor rapidamente. Se houver tempo e disposição, pode-se cavar um buraco, e nele depositar pedras que você manteve na fogueira - ao terminar cubra-o e faça  a cama com as folhagens. Em outros casos, como a constução de abrigos elevados, não há a necessidade de se preocupar com a perda de calor, e sim apenas atentar na confortabilidade da cama.




Parque Estadual do Guartelá - Tibagi(PR)


Parque Estadual do Guartelá - Canyon do Rio Iapó

Criado em 1992 com o objetivo de assegurar a preservação dos ecossistemas típicos, oferecendo aos visitantes uma excepcional beleza cênica como os “canyons”, cachoeiras e insinuantes formações rochosas, o Parque abriga o Canyon do Rio Iapó ou Canyon Guartelá, considerado o 6º maior Canyon do mundo em extensão, além de ser o único com vegetação nativa, conforme consta no Guiness, Livro dos Recordes.
O Canyon do Guartelá situa-se na porção centro-leste do Estado do Paraná, com centro aproximado localizado nas coordenadas 24º 32’S e 50º 17’W. Já o Parque Estadual do Guartelá situa-se na porção central do canyon, Bairro Guartelá de Cima, à margem esquerda do Rio Iapó. O próprio nome Guartelá foi dado devido ao nome do bairro tibagiano que abriga integralmente o Parque. Conforme a lenda, o nome “Guartelá” surgiu da expressão “Guarda-te-lá que cá bem fico”, utilizada por um morador da região ao prevenir seu “compadre” de um ataque indígena.
O Guartelá possui inúmeros atrativos, que configuram em belas paisagens, lugares misteriosos e insinuantes formações rochosas. Caminhar por suas trilhas ladeadas de vegetações rupestres, onde brotam em abundância plantas exóticas ou ainda pelas sinuosas trilhas entre os campos nativos, descobre-se belezas como a impressionante Cachoeira da Ponte de Pedra, com cerca de 200 metros de altura, que apresenta a formação de uma ponte cortando a cachoeira e sob a qual corre a água. Além desta maravilha natural podemos encontrar os “Panelões do Sumidouro” e o majestoso Rio Iapó que corta o desfiladeiro com grandes corredeiras.
Em meio a tanta beleza vemos marcas de diversas épocas passadas, deixadas por indígenas, jesuítas e tropeiros. Nos 32 km de extensão do Canyon do Rio Iapó, eles registraram parte de sua história, cultura e tradições. As marcas dos primeiros habitantes do Canyon estão registradas em pinturas rupestres feitas nas formações rochosas. O Guartelá também foi cenário das viagens dos destemidos tropeiros que percorriam os Campos Gerais, conduzindo o gado para comercialização na Feira de Sorocaba . O Parque funciona de quarta a domingo e feriados nacionais das 8 às 18 horas e não é cobrado taxa de entrada. Para a visita nas pinturas rupestres é necessário a prévia contratação de condutor local.

Para maiores informações é só ligar nos telefones (42) 3916 2150 / 3916 2151.






Cânion Guartelá é um cânion brasileiro situado no planalto dos Campos Gerais, entre os municípios de Castro e Tibagi, no Paraná. É considerado um dos maiores cânions do mundo, o 6° maior do mundo, e o maior do Brasil. O Cânion do Guartelá é uma garganta retilínea com cerca de 30km de extensão e desnível máximo de 450 metros. Foi escavado pelo Rio Iapó, que pelo cânion consegue atravessar a Escarpa Devoniana, paredão que separa o Primeiro do Segundo Planalto Paranaense.
A paisagem vista do alto do Vale do Rio Iapó, principalmente ao amanhecer, é surpreendente. A bruma que cobre os campos vai se escoando e, aos poucos, surgem copas de araucárias ou "pinheiros-do-paraná" centenárias e formações rochosas muito interessantes. Sinuosas, altíssimas, irregulares, recortadas em fendas, surgem duas cadeias de montanhas, separadas pelo leito do Rio Iapó.
Dentro do cânion Guartelá está o Parque Estadual do Guartelá, criado em 1992. Formado por um ecossistema extremamente rico e inúmeras atrações naturais. São várias quedas d'água, corredeiras, formações areníticas, vales profundos e inscrições rupestres, que podem ser conhecidas através de várias trilhas em meio à flora e fauna muito diversificada. Apesar de estarem muito danificadas pela ação humana.
Por lá são encontradas espécies de plantas que normalmente são vistas em lugares completamente distintos: samambaias e xaxins típicos da Mata Atlântica; cactos só encontrados na caatinga; imbuias e cambuís, que formam a vegetação de banhados. Há ainda uma grande quantidade de araucárias, copaíbas, ipês-amarelos, erva-mate, bromélias, orquídeas, palmeiras, barbas-de-bode, entre outras tantas espécies.
Quanto à rica fauna da região, destacam-se mamíferos como tamanduás-mirins, bugios, tatus, capivaras e até o lobo-guará e a suçuarana, ameaçados de extinção. Entre as aves, os destaques são a curucaca, falcão quiri-quiri, pica-pau-do-campo, tirivas, codornas, perdiz e jacu.
A beleza e a diversidade da região têm atraído cada vez mais visitantes para o local. Além das várias caminhadas, pode-se praticar também o rafting nos rios Tibagi e Iapó e o rapel em cachoeiras dessa região.
O Cânion Guartelá foi classificado como um dos sítios geológicos brasileiros, pela SIGEP, graças ao impressionante exemplo de cânion que corta os arenitos devonianos da Bacia do Paraná.




 Fonte: www.tibagi.pr.gov.br
           www.pt.wikipedia.com