Durante o verão de 2012, estou trabalhando na cidade de Brotas-SP, como condutor de turismo de aventura. Em minha estadia na cidade, apareceu-me uma proposta de trabalho muito interessante, e ao passo que eu sou free lancer na empresa Alaya Expedições, imginei que além de ganhar um dinheiro extra, trabalharia no ambiente que eu sempre almejo estar - no meio da mata.
Fui para Brotas esse ano, com um colega à tira colo. Thiago "Capivara", estava morando em Guaratuba-PR, mas como sabia que ele, adoraria trabalhar com turismo de aventura, levei-o junto comigo, para fazer o estágio em Técnicas Verticais na Alaya. Ele se saiu muito bem. Através de um grande amigo, e condutor de vertical, "Zé Colméia", Capivara foi indicado para um serviço numa trilha devido aos seus conhecimentos de marcenaria, para o Grupo NoéSgs, sob o comando de Arilson "Robinho". Um dia depois, fui abordado por Robinho, sobre uma proposta de trabalho na trilha. Não hesitei, apesar de não saber muito bem do que se tratava. No dia seguinte, as 06:30 a.m, o Corsa preto de Robinho, estacionou na frente de nossa morada para nos levar até a a trilha de acesso à Cachoeira da Primavera.
Logo no primeiro dia de trabalho, eu e Capivara, nos deparamos com um montante de umas 40 vigas de eucalípto, algumas de 6m e outras de 3m. Nós dois haveríamos de levar, uma por uma, por uma trilha de cerca de 400m, até o sopé do morro que constitui o lado direito da Cachoeira. Dalí em diante, seria levar aquelas toras, ao passo que o trabalho fosse progredindo. Além destas vigas utilizadas para a construção de corrimãos de acesso para a trilha íngreme, cerca de pouco mais de uma centena de tocos de 80cm, utilizados para fazermos os degraus de contenção da trilha, tudo, claro, acompanhado por uma série de ferramentas e outros materiais que foram necessárias para a empresa.
No dia seguinte, eu sentia nitidamente, os sinais do grande esforço físico feito no dia anterior. Carregar aquelas vigas ( levamos o dia inteiro levando-as uma a uma), exigiu do meu corpo como há muito tempo não ocorria. Mas mesmo assim, eu estava feliz por estar onde estava. Aquela mata, como todas as outras matas selvagens, é um recanto para revitalização do físico, do mental, e do espírito.
Durante nossas atividades do dia, os buracos começaram a ser abertos pela vanga. Pouco à pouco, tanto alguns corrimãos, como degraus de contenção, começavam à tomar forma. O desgaste, passava despercebido diante de tal magnificência natural. E para recompormos as energias nutricionais, todos os dias almoçávamos na fazenda onde a cachoeira se situa. Povo simpático e muito acolhedor!
Seguiram-se os dias, e o trabalho avançava. Alguns dias contamos com outros trabalhando conosco, mas no entanto, na maioria do tempo, estávamos, Robinho, eu, e Capivara, ou só eu e Capivara. Assim que já havia possibilidade da subida segura de clientes, passou-se à operar a descida da cachoeira durante os fins de semana. Utilizando-se do método do rapel guiado, Daniel, que ficava à parte da coordenação da descida. Tudo seguiu na maior tranquilidade, e o que acabou nos chamando à atenção. Ora por vez, algum indagava sobre não encontrarmos os temíveis animais da floresta. Uma vez ou outra, aparecia uma aranha diferente, para trazer um pouco de adrenalina. Mas não passou disso.
Logo que o projeto da estruturação da trilha estava quase completo, fomos solicitados à fazer uma manutenção básica nas pontes da propriedade, que dão acesso às cachoeiras do Martello, e da Primavera. Logo no primeiro dia em que estávamos por analisar quais seriam as melhorias à se fazer, no barranco à beira do riacho, encontramos com uma jararaca-da-mata jovem, de aproximadamente 60cm. Tanto Robinho, como Capivara, estiveram em alguns momentos, com os pés e as pernas, bem ao lado da serpente. Aquele momento, nos trouxe a adrenalina que estávamos precisando, à partir daí, nosso serviço, passou à ser muito mais minucioso devido à esse encontro. Retiramos a cobra da trilha e seguimos com nosso serviço.
No dia seguinte, eu e Thiago Capivara, resolvemos que arrumaríamos à primeira ponte que dá acesso à cachoeira do Martello. Ao chegarmos no local da ponte, Capivara lembrou-se que esquecera uma ferramenta no carro, ele retornou a trilha e foi buscá-la. Enquanto isso, fiquei por ali arrumando os preparativos para o serviço, quando um cliente por passou. Eu indiquei o caminho para ele, e ele foi em direção à cachoeira. Fiquei por lá. Em seu retorno, logo ao passar por mim, ele regressou e me alertou: "Acho que eu vi uma cobra, rapaz!". Eu perguntei à ele como ela era, e onde ele havia a visto. Tratei de ir analisar o local, e nisso Capivara retornou com a ferramenta, e eu o alertei sobre a presença da cobra. Assim que a localizamos, tratamos de retirá-la do caminho dos clientes que acessam a trilha. Nos espantamos ao constatar que também se tratava de uma jararaca-da-mata, mas está com 120cm. Um tamanho bem consirável. Tivemos o mesmo procedimento, de retirar o animal do local, e depositá-lo em um local mais seguro.
Muito bom seu blog, valeu parceiro pelo apoio
ResponderExcluirSaudações "Selva!!!!"